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D. Catarina de Bragança – O Chá em Inglaterra e Muito, Muito Mais

A 25 de Novembro de 1638 nascia D. Catarina de Bragança, Infanta de Portugal e Rainha de Inglaterra ao casar, em 1662, com o Rei Carlos II e que foi responsável pela introdução, em Inglaterra, do Chá e Muito Mais.
Em 1661, a Rainha regente D. Luísa de Gusmão, digníssima viúva d’El Rei Dom João IV, o Restaurador, declarou em Cortes o contrato nupcial, aprovado pelo Conselho de Estado, do casamento da Infanta Dona Catarina Henriqueta de Portugal com o Rei Carlos II de Inglaterra. Seguiu-se um contrato de paz, com artigos muito curiosos, publicado no Gabinete histórico, de Frei Cláudio da Conceição, onde vem a descrição do real consórcio:

«0 nosso augusto Soberano Lorde Carlos II, pela Graça de Deus, rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda, Defensor da Fé e a Ilustríssima Princesa D. Catarina, Infanta de Portugal, filha do falecido D. João IV, e irmã de D. Afonso, presente rei de Portugal, foram casados em Portsmouth na quinta-feira, vigésimo segundo dia de Maio, do ano do N. Sr. de 1662, 14.º do reinado de SM, pelo R. R. F. in G. Gilbert, Bispo Lorde de Londres, Deão da Real Capela de Sua Majestade na presença de grande parte da nobreza dos domínios de Sua Majestade e da de Portugal.»

Dona Catarina não foi uma rainha popular em Inglaterra por não ter descendência e por ser católica – o que a impediu de ser coroada -, mas uma infanta nascida e criada no seio de uma família real ilustrada, culta; educada nos costumes e hábitos tradicionais portugueses não podia deixar de ter uma influência indelével na nação que, apesar de tudo, a não acolhera. Assim, entre muitos hábitos e práticas que levou, ficará, para sempre, como a responsável pela introdução do chá em Inglaterra. De facto, Dona Catarina levou como dote os territórios de Bombaim (actual Mumbai) e Tânger – ganhando assim a Inglaterra o início de um Império -, mas muito mais.
Natural da China, o chá foi introduzido na Europa pelos portugueses no século XVI. Assim, este foi um hábito que Dona Catarina levou de casa e que continuou a seguir em Inglaterra, organizando reuniões de senhoras a meio da tarde na qual se bebericava a famosa e reconfortante bebida.
O hábito de beber chá já existiria, num período em que a Companhia das Índias Orientais o estava a vender abaixo do preço comercializado pelos Holandeses e o anunciava como uma panaceia para a apoplexia, epilepsia, catarro, cólica, tuberculose, tonturas, pedra, letargia, enxaquecas e vertigem – um verdadeiro cura tudo e mais alguma coisa -, mas foi Dona Catarina de Bragança que o transformou na “instituição” que os ingleses hoje conhecem por “Chá das Cinco”, o tão famoso quanto imprescindível “five o’clock tea”. Bom, na realidade o chá não era tomado às cinco, mas sim às quatro, e o nome chá em inglês é TEA , ora essa palavra é oriunda do português pois referia-se ao nome dos barcos que o transportavam e que eram chamados de ‘Transporte de Ervas Aromáticas’.
Acresce que, o consumo deste produto era apanágio das esferas mais altas da sociedade. Em consequência, também, surgiu a expressão: “Ter falta de chá!”, dirigida a alguém que não tem educação ou que não tem maneiras, uma vez que o chá era originariamente consumido por famílias nobres, presumidamente mais sofisticadas. Hoje, claro que numa sociedade burguesa e plutocrata, em que o dinheiro é o mote, não está garantido que haja na alta-roda muito chá, até porque podem-no não ter tomado em pequeno!
Assim, Dona Catarina de Bragança deixou pelo menos a Inglaterra a rotina de beber chá que se tornou um dos hábitos tipicamente britânicos, mas que não foi o único: deixou, também, o costume do consumo da geleia de laranja. A compota de laranja que os ingleses designam de “marmelade”, usando, erroneamente, o termo português marmelada, foi levada pela Infanta portuguesa que recebia regularmente as remessas de cestas de laranjas enviadas pela mãe, algumas das quais azedavam na viagem. Dona Catarina conservara o costume português de fazer compotas e, curiosamente, a Rainha de Inglaterra servia a sua vingançazinha ao guardar a compota de laranjas doces para si, para as suas damas de companhia e amigas e a de laranjas amargas para as inimigas, particularmente, para as concubinas de Carlos II.
Mas a revolução cultural que Dona Catarina, Infanta de Portugal e Rainha de Inglaterra, operou na Corte inglesa não ficou por aqui. Também lá introduziu o uso dos talheres – pois antes disso os ingleses, mesmo a realeza e a aristocracia mais fina, comiam com as mãos, levando os alimentos à boca com três dedos (polegar, indicador e médio) da mão direita. Apesar de o garfo já ser conhecido só era usado para trinchar ou servir, ora na Corte Portuguesa, que à época ditava o bem ser, Catarina estava habituada a utilizá-lo para levar os alimentos à boca e, em breve, todos começaram a seguir o exemplo da Rainha portuguesa de Inglaterra.
Também foi Dona Catarina a introduzir o tabaco em Terras de Sua Majestade e em breve todos os ingleses passaram a andar de caixinha de rapé no bolso do colete.
Há já muito tempo que, em Portugal, se utilizavam pratos de porcelana para comer, ora em Inglaterra, ainda comiam em pratos de ouro ou de prata, muito menos higiénicos e que não conservavam a refeição quente; ora com a Infanta de Portugal a utilizar a ‘fine china’, a partir de aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se, também, por lá.
Era hábito na Corte portuguesa os saraus em que se ouvia ópera, ora como Dona Catarina levara no seu séquito uma orquestra de músicos portugueses, foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera em Inglaterra, legando dessa forma mais uma importante herança cultural.
E não é que a Infanta e Rainha da Casa de Bragança ainda lançou moda para equitação.
E haveria Império britânico sem o fabuloso dote de Dona Catarina de Bragança que para além da uma exorbitante quantia em dinheiro incluía ainda a cidade de Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia?! Pelo que, depois de receber a importante e estratégica Bombaim dos portugueses, o monarca inglês rei Carlos II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir mais territórios, nascendo, desse modo, o Império Britânico!
Por último, deram o seu nome a um bairro da Colónia de Nova Iorque (ainda não existiam os EUA) – Queens -, onde existe uma estátua de D. Catarina de Bragança.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

Imagem: Óleo de Peter Lely (1618-1680) | Royal Collection Trust


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24 de Junho de 1128 – Primeiro Dia de Portugal

A primeira tarde portuguesa’ aconteceu nesse 24 de Junho de 1128, que foi dia um de Portugal, que se conquistou e fundou Nação nessa Batalha de São Mamede, em Guimarães, onde o Infante Dom Afonso Henriques à frente dos Portucalenses se torna Princeps ao derrotar a facção estrangeira capitaneada pela própria Mãe.

Com a Reconquista, formaram-se diversos reinos na retaguarda da vanguarda cristã: Astúrias, Oviedo, Leão, Castela e Aragão. Uns implodiram, uns anexaram outros, outros agregaram-se, todavia, asseguraram o domínio cristão na Península Ibérica. Foi neste cenário da época da Reconquista que acorreram à Ibéria uma plêiade de cavaleiros estrangeiros, normalmente, filhos-segundos e terceiros da nobreza que sem título e fortuna para herdar, vieram em busca de riqueza e/ou auréola militar e com ambições políticas, incorporando-se nos regimentos dos Reis cristãos da península.

Foi na leva (re)conquistadora que vieram para a Ibéria, Henrique de Borgonha e o primo Raimundo, ambos da Casa Ducal de Borgonha, bisnetos de Roberto II Capeto Rei de França, e sobrinho-netos de Hugo o abade de Cluny, para servir nos exércitos de D. Afonso VI de Leão, Castela e Galiza, autoproclamado Imperador das Espanhas. A importância do sangue destes Borgonheses é notória pois a Henrique foi concedida em casamento Dona Teresa, filha natural de Afonso VI, enquanto Raimundo casou com D. Urraca, primogénita do Rei-Imperador.

Porém, intensificaram-se as acometidas dos Almorávidas o que precipitou a distribuição dos poderes militares e por esta altura os territórios de todo o Norte e Centro da Ibéria Ocidental passaram para a administração de Raimundo de Borgonha casado com D. Urraca. Mas com o governo entregue a Raimundo, este, não conseguiu defender eficazmente a linha do Tejo – tendo perdido Lisboa que fora cedida aos Reis de Leão pelo califa de Badajoz. Assim Afonso VI decide fortalecer ainda mais a defesa militar ocidental, dividindo em duas a zona atribuída inicialmente a Raimundo, entregando, em 1095, a mais exposta a D. Henrique da Borgonha.

Assim, de Afonso VI recebeu D. Henrique o governo do território designado então por Terra Portucalense ou de Portucale -, mais as terras, Coimbra e Santarém, que fechava o flanco sul, fronteira sempre subordinada aos avanços ou retrocessos da Reconquista. Foi chamado de Condado Portucalense e já não Terrae pois passa a abranger todo o território entre o Minho e o Tejo.

O nosso conde D. Henrique, apoiado pelos interesses políticos da Ordem de Cluny, imiscui-se estrategicamente e com ambição na política do Reino, conquistando a sua pretensão de poder junto da Corte.

A fim de aumentar a população e valorizar o seu território, D. Henrique deu foral e fundou novas povoações, entre elas a vila de Guimarães, atraindo para ali, com várias regalias, muitos dos seus compatriotas francos. D. Henrique consolidou o seu governo do Condado, também, no cunho religioso, reforçando Braga como sede metropolitana, competindo com Toledo e tornando a arquidiocese minhota, a Igreja primaz das dioceses do Ocidente da Península.

Em Guimarães fixou D. Henrique a sua habitação, num Paço, dentro do Castelo que ali fora edificado no século anterior.

Em 1109 morre o Rei-Imperador Afonso VI sucedendo-lhe D. Urraca que depois de enviuvar casa em 2.ªs núpcias com Afonso I de Aragão, ameaçando pondo a independência de Leão o que leva a nobreza leonesa e castelhana a repudiar esse casamento e a aclamar como rei da Galiza D. Afonso Raimundes, filho do anterior casamento de D. Urraca com D. Raimundo, o que provoca uma guerra civil.

Foi neste cenário de disputa e maquinação que D. Henrique, mesmo que neutral, tentou conservar o Condado Portugalense ou Portucalense independente.

D. Henrique falece, em 1112, e o governo do condado é assumido por Dona Teresa, uma vez que, Afonso Henriques, o filho de ambos tinha apenas três anos de idade.

A seu favor colocam-se o Bispo de Santiago de Compostela e os nobres galegos, mas D. Urraca, Rainha de Leão e Castela, vence a irmã, em 1119, e assume o domínio do Condado cujo governo volta, pouco depois, a entregar a Dona Teresa mediante vassalagem.

Dona Teresa pouco fica, entretanto, a dever, a esses compromissos tão feudais e, em 1121, auto-intitula-se Rainha, mas os conflitos com o Clero e a sua relação com o fidalgo galego Fernão Peres, a quem entregara o governo dos distritos do Porto e Coimbra, originou a insurreição dos Portucalenses e do próprio filho o Infante D. Afonso Henriques, invariavelmente afastados, por forasteiros, da gestão dos negócios públicos.

Em 1125, com apenas 14 anos de idade, num acto de importante relevância política, o efebo D. Afonso Henriques – conforme o uso e costume dos reis – arma-se a si próprio Cavaleiro, na Catedral de Zamora, cidade onde se auto-refugiara, tornando-se assim guerreiro independente.

D. Urraca morre em 1126 e com a sucessão de seu filho, D. Afonso Raimundes feito D. Afonso VII, os acontecimentos precipitam-se, pois o novo monarca hispânico trata de relembrar à tia as incumbências feudais e exige que Dona Teresa lhe preste vassalagem.

Dona Teresa vê a sua posição enfraquecida pois associara ao governo o Conde Galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão Peres de Trava, que Dona Teresa faz de seu valido. Em 1127, D. Afonso VII invade parte do Condado Portucalense e impõe submissão a D. Teresa.

A relação da ‘rainha’ com o nobre galego acicata contra si a reprovação do filho, os ódios da nobreza portucalense afastada do círculo de poder e a antipatia do povo que recordava com carinho D. Henrique e do clero que exigia outro tipo de comportamento à princesa da Hispânia.

Com a oposição dos Três Estados portucalenses àquele governo estavam reunidas as condições para ser afastado pois ao velho costume medieval o Rei é um mero funcionário do povo e, por isso, o povo pode livremente destroná-lo, se ele não cumprir qualquer das obrigações inerentes ao seu cargo. O Rei tem de governar rectamente: Rex eris, si recte facias, si non facias, non eris e por isso mesmo deve ser deposto. E o Rei injusto seria um castigo que Deus envia ao Povo, mas o povo não é obrigado a sofrê-lo.

Então o Infante D. Afonso Henriques insurge-se contra a mãe e prepara uma revolta militar e prepara-se para travar uma batalha decisiva.

No dia 24 de Junho de 1128, à dianteira dos barões e fidalgos portucalenses, Dom Afonso Henriques defronta no campo de São Mamede, perto de Guimarães as forças galegas comandadas por Dona Teresa e pelo seu valete Fernão Peres de Trava, derrotando-os naquela que ficou conhecida pela Batalha de São Mamede e que marcou a Fundação da Nacionalidade Portuguesa, uma vez que o Infante Dom Afonso Henriques avoca a si, o governo do Condado Portucalense com pretensões independência.

Não é ainda após esta Batalha que se auto-intitula Rei, Rex Portucalensis, pois com duas frentes de Batalha – uma contra Leão e Castela, outra contra os árabes –, tal só se viria a acontecer após a Batalha de Ourique, em 1139, quando arrasa os mouros e Dom Afonso Henriques consegue uma importante vitória que o engrandece sobremaneira e assim declara a Independência face a Castela-Leão. Nascia, assim, em 1139, o Reino de Portugal e a sua 1.ª Dinastia, com El-Rei Dom Afonso I Henriques de Borgonha.

Em 1143, quando assina a paz em Zamora, onde é reconhecido como Rei. Afonso Henriques usava já o título havia três anos, desde o torneio de Arcos de Valdevez, em 1140, após o episódio de Ourique. Desaparece, assim, e só aí, a designação histórica de Condado Portucalense e nasce o Reino de Portugal, que já tinha visto o seu alvor nessa ‘primeira tarde portuguesa’, nesse dia um de Portugal que foi o 24 de Junho de 1128.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica


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Cavaleiros Portugueses da Ordem da Jarreteira

Se Sua Mercê El-Rei Dom João I foi o 1° Cavaleiro Português da Mais Nobre Ordem da Jarreteira, no dia 16 de Fevereiro de 1909, pelas 07h30m, no Castelo de Windsor, Inglaterra, Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Manuel II de Portugal tornou-se o 838.º Cavaleiro da Ordem da Jarreteira e simultâneamente o último português a ser agraciado por um Soberano inglês, com esta Ordem. Numa cerimónia de impressionante pompa e ritual, a El-Rei foi imposta pelo primo, o Rei britânico Eduardo VII, a Ordem e as suas insígnias. Dom Manuel II, foi simultaneamente o último português – de um selecto e estrito clube – a receber esta honraria e, também, até hoje, o mais jovem cavaleiro de sempre da mais distinta das Ordens Honoríficas britânica e mundiais.

Datando a Aliança entre Portugal e Inglaterra da assinatura do Tratado de Windsor, em 1386, e como tal a mais antiga do Mundo, datada de 1386, e que resultou conjuntamente no casamento entre El-Rei Dom João I de Portugal e a Princesa Inglesa Dona Filipa de Lencastre (Lady Phillippa Plantageneta Gaunt of Lancaster) – filha de John de Gaunt, Duque de Lancaster, e neta do então monarca inglês Eduardo III Plantageneta -, é natural que Dom João I tenha sido o primeiro português – de uma lista muito restrita – a ser agraciado com a Ordem da Jarreteira, o que aconteceu em 1400, tornando-se o 102º Cavaleiro da Ordem. A Rainha Dona Filipa de Lencastre já era Dama da Ordem desde 1378, sendo até hoje a única portuguesa com essa distinção.

A lista de portugueses agraciados não viria a incluir mais do que 15 personalidades, sobretudo reis e infantes e um único membro da nobreza e de sangue não real confirmado: D. Álvaro Vaz de Almada, Conde de Avranches. Dom Álvaro Vaz de Almada ou Álvaro Vasques de Almada (1392-1449) foi um dos mais insignes cavaleiros da Europa do seu tempo. Alferes Mor de Portugal, Capitão Mor do Mar, Alcaide Mor de Lisboa, combateu na guerra dos 100 anos ao lado do Rei Henrique V de Inglaterra na Batalha de Azincourt (1415), onde se ilustrou pelas armas e praticou inúmeros actos de heroísmo, tendo-lhe sido atribuído, pelo monarca inglês, o título de Conde de Avranches e agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem da Jarreteira figurando as suas armas no exclusivíssimo St .George Hall no Castelo de Windsor. Foi um dos chamados Doze de Inglaterra.

Assim, da lista de membros portugueses da Ordem da Jarreteira, além do inaugural D. João I e dos acima mencionados, fazem ainda parte: o Rei D. Duarte I; D. Pedro, Duque de Coimbra; o Infante D. Henrique; o Rei D. Afonso V; o Rei D. João II, o Rei D. Manuel I; o Rei D. João IV; o Rei D. João VI; o Rei D. Luís I; o Rei D. Carlos I; o Príncipe Real D. Luís Filipe; e o Rei D. Manuel II – o derradeiro.

A Mais Nobre Ordem da Jarreteira, também conhecida, simplesmente, como Ordem da Jarreteira, é uma ordem de cavalaria britânica, a mais antiga de Inglaterra e do sistema de honras britânico, agraciada, exclusivamente, ‘por desejo do Soberano’. Fundada, em 1348, para destacar os esforços do reino e aliados, é uma ordem militar, criada pelo Rei Eduardo III de Inglaterra e baseada nos nobres ideais das demandas ao gosto do espírito medieval: “uma sociedade, uma companhia e uma escola de cavaleiros“, e o conceito foi seguido durante séculos por outros monarcas europeus, que constituíram as suas próprias e prestigiadas ordens de cavalaria.

Order of the Garter’ – a tradução correcta seria antes Ordem da Garrotea ou Ordem da Liga -até porque os agraciados são contemplados com uma liga para colocar no joelho esquerdo -, a Ordem da Jarreteira é a mais antiga, a mais prestigiada ordem de cavalaria e a mais importante comenda do sistema honorífico do Reino Unido – e não só – desde essa altura até aos dias de hoje.

 

Os membros da ordem são limitados ao Soberano, ao Príncipe de Gales e a não mais que vinte e quatro membros ou companheiros, embora também incluam cavaleiros e damas extranumerários como membros da família real e monarcas estrangeiros. ‘Conceder a honra’ é uma prerrogativa executiva remanescente do monarca inglês de carácter verdadeiramente pessoal.

O emblema da Ordem, retratado na insígnia, é uma jarreteira com a divisa em francês antigo – que era naquela altura o idioma oficial da corte inglesa: ‘Honni soit qui mal y pense’, em letras douradas. A lenda conta que Eduardo III estaria a dançar com a Condessa de Salisbury num baile da corte, quando esta deixou cair a sua liga/jarreteira. Ao apanhá-la do chão e amarrá-la de volta à sua perna, o rei reparou que os presentes os fitavam com sorrisos e murmúrios. Irado, exclamou: ‘Honni soit qui mal y pense Envergonhe-se quem nisto vê malícia’, frase que se tornou o lema da Ordem. Afirmou, ainda, o Rei inglês que tornaria aquela pequena jarreteira azul tão gloriosa que todos a haveriam de desejar.

Sendo esta história verdadeira ou não, a Ordem da Jarreteira foi, de facto, criada por Eduardo III e o seu símbolo é uma jarreteira azul-escura, de rebordo dourado, em que aparecem inscritas, em francês as palavras, supostamente, proferidas pelo Rei inglês. Assim, os membros da ordem recebem essa liga nas ocasiões cerimoniais de agraciamento da Ordem. Mas o uso da liga como um emblema pode ter derivado de tiras utilizadas para fixar armaduras pelos cavaleiros medievais.

Além do grão-mestre da Ordem que é sempre o Soberano inglês existem os cavaleiros reais (nos quais se inclui sempre o Príncipe de Gales podendo o monarca ainda nomear vários membros da família real), os cavaleiros estrangeiros (vários monarcas reinantes de países estrangeiros nomeados pelo monarca britânico), tidos como cavaleiros extranumerários e os cavaleiros ou damas-companheiras (24 personalidades nomeadas pelo monarca britânico). Somente o monarca pode conceder a adesão: ele/ela é conhecido/a como ‘Soberano/a da Jarreteira’, e o Príncipe de Gales é conhecido como um ‘Cavaleiro companheiro da Jarreteira’.

Os membros masculinos da Ordem são intitulados ‘Cavaleiros Companheiros’, e os membros do género feminino são chamadas de ‘Damas Companheiras’. As nomeações são vitalícias e intransmissíveis (não são hereditárias). Os cavaleiros são nomeados em 23 de Abril, dia de São Jorge e como a cor de São Jorge é o azul é tradição vestir algo azul para a cerimónia. Nessa ocasião, deverá usar-se a jarreteira na perna esquerda, logo abaixo da cintura. A Ordem da Jarreteira realiza os seus serviços na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, onde, desde o primeiro cavaleiro, no alto, estão colocados os elmos com crista, a espada e estandartes de armas dos cavaleiros.

O soberano pode ‘degradar’ os membros que tenham cometido crimes graves, existindo uma cerimónia formal de degradação datada do século XV, em que o Rei de Armas da Jarreteira, acompanhado pelo resto dos arautos e Oficiais da Ordem da Jarreteira, Secretário, Cavalheiro Ostiário do Bastão Negro, Rei-de-armas principal da Jarreteira, Registrador, Prelado e Chanceler agem da seguinte forma na Capela de São Jorge: o Rei de Armas da Jarreteira lê em voz alta o instrumento de degradação, enquanto o arauto sobe uma escada e retira a bandeira do antigo cavaleiro, o leme da crista e a espada, atirando-os para dentro do coro. Subsequentemente, os restantes arautos pontapeiam os elementos por baixo da capela e fora de portas até ao fosso do castelo.

Logo após a fundação da Ordem, as mulheres foram nomeadas Ladies of the Garter, mas não foram feitas companheiras. Mas em 1488, o Rei Henry VII nomeou Sua mãe, Margareth of Beaufort, Dama da Jarreteira, a única – excepto para as soberanas que por inerência foram Grão-mestre – até à Rainha Alexandra, nomeada por seu marido o Rei Eduardo VII. O Rei Jorge V fez o mesmo com a Rainha Mary e Jorge VI com a Rainha Elizabeth – mãe da actual Soberana. As mulheres continuaram a ser associadas à Ordem, mas com excepção de monarcas estrangeiros do sexo feminino, elas não foram feitas companheiras. A partir de 1987, por iniciativa de Sua Majestade a Rainha Elizabeth II, as mulheres começaram a ser instaladas as ‘Damas Companheiras da Ordem da Jarreteira’.

Para ocasiões cerimoniais da Ordem, como o dia anual da Jarreteira, os membros usam as elaboradas vestes. A insígnia da Ordem que inclui um colar e uma insígnia pendurada, conhecida como Great George, de ouro e esmalte, em que aparece São Jorge a cavalo, matando o dragão, para além dos apetrechos: um cavaleiro usa ‘o manto’ que é o robe feito de veludo azul-escuro com uma linha em tafetá branco; o brasão heráldico com a Cruz de São Jorge circulado pela Liga é costurado sobre o ombro esquerdo do manto, mas o manto do Soberano é o único que tem a estrela da Ordem. Anexado ao manto sobre o ombro direito há um capuz de veludo vermelho escuro e uma túnica; o ‘chapéu’ que é um gorro Tudor de veludo preto com uma pluma de avestruzes brancas e penas de garça preta; o Colar com o Great George é um acessório de ouro puro, pesa 30 onças (0,933 kg), e é usado ao redor do pescoço, sobre o manto e fixado com fitas brancas amarradas com fitas nos ombros. Como o manto, foi introduzido nos séculos XV e XVI. O colar é composto de nós alternando com medalhões de ouro esmaltado mostrando uma Rosa Vermelha – símbolo dos Plantageneta e Casa de Lencastre – rodeada pela Jarreteira. O Great George, que está pendurado no colar, é uma figura colorida esmaltada (às vezes de jóias) tridimensional de São Jorge, o Mártir, montado num cavalo, matando um dragão. A Jarreteira é usada em ocasiões cerimoniais em torno da panturrilha esquerda por cavaleiros e todo o braço esquerdo por senhoras, e está representado em várias insígnias. A Liga é uma cinta de veludo azul-escuro dobrada, e tem o lema em letras de ouro.

Em outras ocasiões, quando são usadas decorações, os membros usam insígnias simples:

O colar, chamado collar day, que é usado no sobre o uniforme militar ou casaca pelos membros que participam em eventos formais. A gola é presa nos ombros com fitas de seda. Desde que o colar seja da Ordem da Jarreteira, os membros podem então usar a faixa de qualquer outra ordem a que pertençam; a estrela, que é usada presa ao peito esquerdo, e que foi introduzida no séc. XVII pelo Rei Carlos I e é uma representação colorida esmaltada do escudo heráldico da Cruz de São Jorge, rodeado da Ordem da Jarreteira, que é cercada por um emblema de prata de oito pontos. Cada ponto é descrito como um aglomerado de raios, com os quatro pontos das direcções cardeais mais os intermediários. As estrelas dos cavaleiros e damas estrangeiros, apareceram amiúde elaboradas com diversas jóias. Uma vez que a Ordem da Jarreteira é a ordem superior do Reino Unido, um membro usará a Estrela da Ordem acima das outras – até ao máximo de três – que ele ou ela tenha; a faixa, também, introduzida pelo monarca supracitado, tem 10.16 cm e é usada por cima do ombro esquerdo, ou colocada debaixo da casaca, para o lado da anca direita. A cor da faixa tem variado ao longo dos anos, mas a cor foi definida como ‘azul martim-pescador’, a partir de 1950. Um membro da Ordem usa apenas esta faixa, mesmo se ele ou ela pertencer a várias ordens; o emblema que é usado suspenso por uma pequena ligação de ouro na faixa, e que é conhecido como ‘The Lesser George’. Tal-qualmente o Great George, o emblema menor mostra São Jorge, o Mártir, matando um dragão a cavalo, mas é mais liso e de ouro. No século XV, o emblema foi usado ligado a uma fita em volta do pescoço o que não era muito confortável quando se cavalgava, assim adoptou-se o hábito de usá-lo à direita colocado na faixa, e por debaixo do braço, também, direito.

Com a morte de um membro, o emblema e a estrela são devolvidas pessoalmente ao soberano pelo parente do sexo masculino mais próximo do ex-membro e as outras insígnias para a Chancelaria Central das Ordens de Cavalaria.

Cavaleiros e Damas companheiros usam as letras ‘KG’ e ’LG’ após o nome, respectivamente. Um membro da Ordem tem na hierarquia do sistema nobiliárquico britânico um grau inferior ao filho mais velho de barões e superior às restantes ordens e titularia.

Com a morte de um membro, o emblema e a estrela são devolvidas pessoalmente ao soberano pelo parente do sexo masculino mais próximo do ex-membro e as outras insígnias para a Chancelaria Central das Ordens de Cavalaria.

Cavaleiros e Damas companheiros usam as letras ‘KG’ e ’LG’ após o nome, respectivamente. Um membro da Ordem tem na hierarquia do sistema nobiliárquico britânico um grau inferior ao filho mais velho de barões e superior às restantes ordens e titularia.

Na foto, para além de ostentar as vestes e as insígnias da Ordem da Jarreteira como o colar com o pendente do Greater George e a liga no joelho, El-Rei Dom Manuel II ostenta a Placa e a Insígnia das Três Ordens Militares (Cristo, Avis e Santiago), a Placa da Ordem da Torre e Espada, segura uma espada de cerimónia e está à frente do Trono e ao lado da Coroa e Ceptro Reais de Portugal, colocados sob a almofada vermelho-escuro, pois nunca era cingida na cabeça pelos reis portugueses desde que Dom João IV usou pela derradeira vez a Coroa dos Reis de Portugal e que haveria de oferecer a Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, pela protecção concedida durante a Restauração, coroando-a Rainha de Portugal, por isso os monarcas que haveriam de se seguir a usavam a Seu lado, como símbolo real, e não a colocando.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica


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O Costume da Árvore de Natal

Decisivo na difusão do costume de armar a Árvore de Natal foi quando, em 1846, o Príncipe germânico Albert de Saxe-Coburgo-Gotha (Dinastia Wettin), marido de Sua Majestade A Rainha Vitória do Reino Unido, armou um Pinheiro de Natal no Castelo de Windsor. A enfeitar a Árvore de Natal, foram pendurados nos ramos, nozes pintadas de dourado, bolas coloridas, frutas cristalizadas diversas e de múltiplas cores cobertas de açúcar, pacotes de doces, enfeites de correntes de papel colorido. Flores e laços de tecido, também coloriam a árvore. Por fim, como iluminação, penduraram pequenas velas em potes de vidro cuja luz reflectia no pó de vidro espalhado para dar mais luminosidade e efeitos e contrastes de luz à árvore. Depois, bastou uma gravura da família real junto do pinheiro de Natal, e que haveria de ser publicada na revista Illustrated London News, para a tradição se estender por todo o domínio do Império Britânico e por toda a Europa cristã.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica


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Júlio César E O Ano Bissexto

Júlio César Imperator

Hoje é 29 de Fevereiro, um dia extra no calendário que só ocorre de 4 em 4 anos, no Ano Bissexto, e, se assim é, devemos a Júlio César, General e Estadista romano e… muito mais!

Júlio César, General e estadista romano, de seu nome completo Gaius Iulus Gaii Filius Nepos Caeser, descendia de uma tradicional e antiga família patrícia a gens Julia.

César sempre foi classificado de brilhante e categorizado de «aluno prodígio». Grego, Latim, História, Direito Romano, Retórica, Et caetera, tudo foi ensinado a César e tudo foi assimilado com elevada distinção.

Começou a sua carreira política no Fórum de Roma, notabilizando-se como causidico, palavra latina para advogado, e nessa função demonstra de forma firme e inequívoca a sua eloquência e capacidade de oratória. O grande orador Cícero, que seria sempre seu opositor, reconhece a sua notável perfeição retórica e comenta: “Será que alguém tem a capacidade de falar melhor que César?”.

César foi percorrendo um a um todos os degraus do cursus honorum romano, até que, com Crasso e Pompeu formam assim, em 60 a.C., o primeiro triunvirato que governou Roma. No entanto, César almejava subir mais alto, e sabia que para satisfazer toda essa ambição lhe faltava somente a glória militar que aureolava Pompeu, seu principal rival e seu genro.

A glória militar decidiu, Júlio César, alcança-la conquistando a Gália (Transalpina), país sobejamente rico, ainda que muito bárbaro, e cujas populações, não romanizadas, de rija coragem e forte têmpera, com costumes e religião próprias, já tinham antes, feito Roma tremer.

Necessitou apenas de dois rudes anos para submeter as diferentes regiões da Gália, mediante campanhas avassaladoras. Finalmente em 56 a. C., consegue finalmente conquistar o país e, querendo fazer desaparecer os seus rivais mediante empresas a cada passo mais empreendedoras, alcança o Reno e a Mancha e invade a Germânia e a Bretanha. César tinha feito amizade e celebrado alianças com alguns chefes de tribos gaulesas, todavia os gauleses eram um povo quezilento, e a Gália não se acostuma a ser tratada como um país subjugado, pois se algumas tribos estavam acomodadas com a ocupação romana, outras havia que se encontravam sobejamente descontentes ao extremo de prepararem uma rebelião.

Então, em 52 a.C., rebenta uma revolta que consegue unir todos os povos gauleses sob a liderança de um jovem e astuto chefe arvénio, Vercingétorix (era filho do falecido rei arveno e servira César como lugar-tenente na campanha na Bretanha), que através de uma táctica de terra queimada, evitando a todo o custo o combate frente a frente, pretendia reduzir à fome o exército romano.

A batalha de Gergóvia fica para a história como a única grande derrota de César.

Só que do lado contrário estava o general Caio Júlio César, que apesar dos primeiros vacilos espera o momento ideal para contra atacar. Perseguido, Vercingétorix, refugia-se com 80.000 homens, em Alésia, cidade fortemente fortificada e inexpugnável, onde com víveres para um único mês esperam por um exército de socorro. Em dois dias César alcança uma vitória triunfal.

O chefe gaulês, Vercingétorix, sabe que desfeito o último reduto está tudo perdido, e após uma reunião com os seus capitães decide-se pela rendição. Na manhã seguinte, Setembro de 52 a.C., sai de Alésia e vai ao campo romano para depositar as suas armas e capacete aos pés de Júlio César. Foi relatando essa campanha militar, que César redige essa obra-prima da literatura universal, Bellum Galicum (De Bello Gallico – A Guerra das Gálias), um primoroso e perene arquétipo de estilo conciso de eloquência marcial.

Para além, do Bellum Galicum, escreveu ainda outras obras, mas para além do Commentarii De Bello Gallico, só subsistiu o Commentarii De Bello Civili. Perdidos estão, na poeira dos tempos os seus brilhantes discursos!

Júlio César, entra depois, em Roma, e é eleito ditador romano a partir de 49 a.C..

Derrota o seu, tornado, opositor Pompeu, em Farsália, e em 02 de Outubro de 47 a.C., César que seguia no encalço de Pompeu, chegou a Alexandria, na altura capital do Egipto, onde lhe servem a cabeça de Pompeu numa bandeja. No palácio real, César encontrou Cleópatra nomeando-a governante e, mais tarde, coroou-a Rainha.

Mas, sobretudo, aquilo que ainda mais glória deu a César foi a reforma do calendário. Os antigos romanos dividiam o calendário em doze meses lunares de 29 ou 31 dias, o que dava um total de 354 dias, e como o ano solar é de 365, cada ano tinha uma perda de dez ou doze dias, de modo que cada dois anos tinha de se intercalar um mês de 22 ou 23 dias. Para remediar esta anomalia, no ano 46 a.C., César incumbiu o astrónomo alexandrino e conselheiro de Cleópatra, Sosígenes, da tarefa de rever o calendário, o que este fez, estabelecendo um calendário quase como o actual, com 365 dias, acrescentando mais um dia (bisextilis) de quatro em quatro anos, assim nasceu o Ano Bissexto e esse calendário passou a denominar-se “Calendário Juliano”, que se manteve até 1582, quando o Papa Gregório XII corrigiu os erros acumulados.

A Realeza é outra coisa… visa de longe a meta!

Do resto, reza a História!

Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica


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Feliz Noite e Dia de Reis

Dia de Reis

Os Reis Magos são uma tradição cristã que remonta ao Nascimento de Jesus, o Deus Menino.

Os Três Reis Magos eram sábios vindos do Oriente, guiados por uma Estrela, até Belém da Judeia no tempo do rei Herodes, com o propósito de venerar o Cristo Jesus, o Rei dos Reis, acabado de nascer.

Por norma o Dia de Reis é já celebrado na Noite de 5 para 6 de Janeiro, pois foi de noite que os Reis chegaram para adorar o Menino Jesus. Esta é uma tradição que faz parte de quase todos os países da Europa, com especial relevo para o Reino de Espanha onde é costume só nesta altura trocar os presentes.

No Reino de Portugal, também, eram celebrados os Reis: designadamente Suas Majestades Fidelíssimas o Rei Dom Luís I e a Rainha Dona Maria Pia organizavam uma Festa para os Príncipes Dom Carlos e Dom Afonso em que eram convidadas inúmeras crianças e onde brincavam todos juntos em volta de uma enorme Árvore de Natal cingida de presentes, na Sala do Despacho, no Palácio da Ajuda. Depois de uma ceia sob a presidência dos Príncipes eram trocados presentes e as crianças voltavam para casa cheias de chocolates, presentes e contentamento.

De seus nomes Melchior, Gaspar e Baltazar, os três Reis sábios tinham proveniências diversas. Melchior era Rei da Pérsia e moreno; o seu nome significa ‘Meu Rei de Luz’. Gaspar era Rei da Índia e era branco; o seu nome traduz, ‘Aquele que vai inspeccionar’. Baltazar era Rei da Arábia, era de cor e com farta barba; o seu nome tem como significado: ‘Deus manifesta o Rei’.

Também os presentes que os Três Reis Magos ofertaram a Jesus, Deus Menino, são plenos de significação.

Jesus foi assim homenageado como Rei, Deus e Homem.

Melchior ofereceu-LHE o Ouro que na Antiguidade era presente para Reis, Gaspar consagrou-O com o Incenso, substância com que se reverencia Deus e Baltazar presenteou-O com a Mirra, sinal da Imortalidade.

Não há muita informação sobre os Reis Magos, e quando terão reinado, ou se seriam apenas Sábios de muito prestigio pelo que eram igualados a Reis, mas Baltazar é apontado como tendo reinado em Sabá.

Já Sua Santidade o Papa Emérito, Bento XVI, no seu livro, best-seller, ‘A Infância de Jesus’, defende que os Três Reis Magos não vieram do Oriente, mas eram oriundos da Andaluzia, de uma região entre Huelva, Cádiz e Sevilha.

Na Bíblia Sagrada, pode-se ver a referência aos Três Reis Magos no Evangelho de São Mateus.

Se não fosse o estado das coisas republicano, amanhã era Feriado no nosso País, para assinalar o Dia de Reis.

A Plataforma de Cidadania Monárquica, numa data com tanta tradição e significado, deseja desta forma a todos os seus Seguidores e Monárquicos em geral uma excelente ‘Noite e Dia de Reis’.

Viv’ós Reis!

Miguel Villas-Boas – Membro da Plataforma de Cidadania Monárquica


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Símbolos de Natal e a Realeza

Natal PCM

Em primeiro lugar, e mais importante, a celebração do Natal é a festa do Nascimento do Salvador, do Rei dos Reis, Jesus. Mas para além disso, há uma série de iconografia natalícia que apareceu fruto do querer da realeza fossem como próprios introdutores dos costumes ou como mecenas da sua realização.

Quanto à Árvore de Natal, apesar de originária das culturas e religiões pagãs que celebravam a fertilidade da natureza recorrendo a árvores enfeitadas, a árvore de Natal, da forma que chegou aos hodiernos tempos, desenvolveu-se nos costumes dos povos germânicos cristãos, a partir do século XVI. Porém, só com a intervenção da realeza, no século XIX, é que esta tradição de enfeitar o Pinheiro de Natal, assim como a utilização das demais decorações, se estendeu à restante Europa.

Preponderante na dispersão europeia do costume foi quando, em 1846, o Príncipe germânico Albert de Saxe-Coburgo-Gotha da Casa de Wettin, marido da Rainha Vitória do Reino Unido, instalou uma Árvore de Natal no Palácio de Windsor. A enfeitar o Pinheiro, foram pendurados nos ramos, nozes pintadas de dourado, bolas coloridas, frutas cristalizadas diversas e de múltiplas cores cobertas de açúcar, pacotes de doces, enfeites de correntes de papel colorido. Flores e laços de tecido, também coloriam a árvore. Por fim, como iluminação, penduraram pequenas velas em potes de vidro cuja luz reflectia no pó de vidro espalhado para dar mais luminosidade e efeitos e contrastes de luz à árvore.

Depois, bastou uma gravura da Família Real, junto do Pinheiro de Natal, publicada na revista Illustrated London News, para a tradição se estender por todo o domínio do Império Britânico e por toda a Europa cristã.

Corria, ainda, o mesmo século XIX, quando o Rei-consorte Dom Fernando II, marido da Rainha Dona Maria II, e primo do Príncipe Albert, pois nascera Prinz Ferdinand August von Sachsen-Coburg-Gotha-Koháry, introduzir o mesmo costume no Reino de Portugal, país onde a tradição natalícia decorativa abrangia apenas o Presépio de que eram expoentes os de Machado de Castro, Barros Laborão e António Ferreira. Com o nascimento do Príncipe Real Dom Pedro e os infantes, Dom Fernando II – já Rei-consorte – começou a festejar o Natal segundo o costume germânico que experimentara durante a infância na gélida Alemanha. Para além da Árvore de Natal que enfeitava com bolas de vidro translúcidas de variadas cores e guloseimas, das coroas de advento, o próprio monarca se fantasiava de São Nicolau e distribuía prendas à família – conforme o confirmam gravuras a carvão ilustradas pelo Rei-artista. Depois, até o costume se difundir pela nobreza foi um passo, disseminar-se-ia, então, pela burguesia e, finalmente, pelo Povo, para durar até aos dias de hoje.

Quanto ao Presépio, em Portugal, os primeiros presépios de que há memória datam do século XVI, mas é no século XVIII, que se executam os melhores presépios, alguns dos quais verdadeiras obras de arte – e é disso que, verdadeiramente, se trata.  O Presépio da Basílica da Estrela, no qual figuram cerca de 500 peças, foi uma encomenda da própria Rainha D. Maria I de Portugal – que mandou igualmente construir a Basílica e o Convento – a Machado de Castro. O nome Machado de Castro ou o da sua escola surgem ligados a diversos presépios que se acham dispersos de norte a sul do País, nomeadamente, o da Sé Patriarcal de Lisboa, fabricado em 1776.

Quanto ao Bolo-Rei, é legado dos romanos que, primeiro, persistiu somente em França onde tem duas formas de confecção: no Norte é em massa folhada e, no Sul, um brioche recreado com frutas caramelizadas, tal como o Bolo-Rei português que por isso deriva do segundo. Foi precisamente das suas viagens por França, que Baltazar Castanheiro II, filho do fundador da Confeitaria Nacional, trouxe a receita do Bolo-Rei, mais precisamente de Toulouse.

Mas claro, é mérito da Confeitaria Nacional e do seu entrepeneur de pastelaria pegar numa receita do bolo francês e convertê-la no icónico e típico doce português: o bolo redondo, em forma de coroa, com frutos secos e cristalizados e polvilhado com açúcar. O Bolo-Rei logo se tornou um sucesso, e a Confeitaria Nacional foi nomeada, por El-Rei D. Luís I, fornecedora oficial da Casa Real. Depois até se generalizar, dada a qualidade do produto, foi um ápice: o Bolo-Rei, assim chamado por causa da forma de Coroa, não mais abandonaria as mesas nacionais, sobretudo na época Natalícia.

Já na república velha, aquela instaurada por intermédio de um processo revolucionário, que durou entre 1910 e 1926, Afonso Costa e Bernardino Machado mudaram o nome do Bolo-Rei para Bolo-presidente, mas os portugueses não engoliram… nem a imposição, nem a nomenclatura nascida daquelas mentes intransigentes; e a designação Bolo-Rei prevaleceria ad eternum. Afonso Costa, teve que se contentar ao assomo ditatorial de tornar partido único o Partido Republicano Português e todas as demais formas de censura e coacção anti-democrática!

Se o bacalhau é o fiel amigo, o Bolo-Rei é o Real Amigo e sempre permanecerá. Não vale fazê-los de chocolate, recheados de chila e de maçã ou mesmo rebaptiza-los! Não adianta tentarem subterfúgios para mudar isso; inventem quantos pastelinhos quiserem e nomeiem-nos de ‘presidentes’ – como em Cebolais de Cima (história verídica) -, de ministros, de edis, de vereadores, mas o Real pastel perdurará sempre entronizado nos nossos corações e palato como Bolo-Rei!

Há, ainda, uma Canção de Natal, Adeste Fideles, mundialmente conhecido pelo título de Hino Português escrito e composto por El-Rei D. João IV de Portugal, a exemplo de muitas outras obras, na escola de música que fundou no Paço Ducal dos Bragança, em Vila Viçosa. Foram encontrados dois manuscritos desta obra, datados de 1640, no Palácio Ducal de Vila Viçosa, que era propriedade dos Duques de Bragança. Os ingleses atribuíram, erroneamente, a autoria desse hino a John F. Wade que não pode ter composto a partitura, uma vez que o seu manuscrito está datado ulteriormente, de 1760, pelo que Wade se limitou a traduzir o Hino Português, como de resto era designado à época, e usurpado os louros.

Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica


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Conto da Real Árvore de Natal

Árvore PCM

Apesar de originária das culturas e religiões pagãs que celebravam a fertilidade da natureza recorrendo a árvores enfeitadas, a árvore de Natal, tout cour, que chegou aos nossos dias, germinou nos costumes dos povos germânicos cristãos, a partir do século XVI.

Porém, só com a intervenção da realeza – sempre no momento certo -, no século XIX, é que esta tradição de enfeitar o Pinheiro de Natal, assim como demais decorações, se estendeu à restante Europa.

Preponderante na dispersão europeia do costume foi quando, em 1846, o Príncipe germânico Albert de Saxe-Coburgo-Gotha (Dinastia Wettin), marido da Rainha Vitória do Reino Unido, armou uma árvore de Natal no Palácio de Windsor. Depois, bastou uma gravura da família real junto do pinheiro de Natal, e que haveria de ser publicada na revista Illustrated London News, para a tradição se estender por todo o domínio do Império Britânico e por toda a Europa cristã.

Corria, ainda, o mesmo século XIX, quando o Rei consorte Dom Fernando II, marido da Rainha Dona Maria II, e primo do Príncipe Albert, pois nascera Prinz Ferdinand August von Sachsen-Coburg-Gotha-Koháry, introduzir o mesmo costume no Reino de Portugal, país onde a tradição natalícia decorativa abrangia apenas o Presépio. Com o nascimento do Príncipe Real Dom Pedro e os infantes, Dom Fernando II – já Rei-consorte – começou a festejar o Natal segundo o costume germânico que experimentara durante a infância na gélida Alemanha. Para além da Árvore de Natal que enfeitava com bolas de vidro translúcidas de variadas cores e guloseimas, das coroas de advento, o próprio monarca se fantasiava de São Nicolau e distribuía prendas à família – conforme o confirmam gravuras a carvão ilustradas pelo Rei-artista. Depois, até o costume se difundir pela nobreza foi um passo, disseminar-se-ia, então, pela burguesia e, finalmente, pelo Povo, para durar até aos dias de hoje.

Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica


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Isabel II – A Rainha Do Mais Longo Reinado

A Rainha

Hoje 9 de Setembro de 2015, Sua Majestade a Rainha Isabel II do Reino Unido e dos seus outros Reinos completa 63 anos e 217 dias de Reinado ultrapassando assim a sua trisavó, a Rainha Victoria, e tornando-se a Monarca Britânica com o mais longo reinado da História daquela Nação.

Nascida Elizabeth Alexandra Mary, em Londres, a 21 de Abril de 1926, inicialmente nada faria pensar que enquanto neta do soberano George V, a Princesa da Grã-Bretanha, embora recebendo o tratamento de Sua Alteza Real a Princesa Isabel de York, e ocupando a terceira posição na linha de sucessão ao trono, imediatamente atrás de seu pai o Príncipe Albert (Bertie), Duque de York e de seu tio Edward David, o herdeiro presuntivo e Príncipe de Gales, viria a ser Rainha do Reino Unido.

Com a Abdicação do tio Edward VIII, relegado para Duque de Windsor, e a morte de Seu Augusto Pai, o Rei George VI, a Ascensão ao Trono de Elizabeth II ocorreu em 6 de Fevereiro de 1952 e a Coroação a 2 de Junho de 1953, na Abadia de Westminster, tornando-se Pela Graça de Deus, Rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e dos Seus Outros Reinos e Territórios (Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Jamaica, Barbados, Bahamas, Granada, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão, Tuvalu, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Belize, Antígua e Barbuda, e São Cristóvão e Nevis), Chefe da Comunidade Britânica e Defensora da Fé. Na cerimónia de Estado de maior pompa e aparato que existe no Mundo, a Coroação de um Soberano Britânico, Isabel II do Reino Unido, perante os Pares e os deputados do Reino e o governo – que será sempre de Sua Majestade – entronizada no Trono de São Eduardo, recebeu a Coroa Imperial, o Ceptro e o Orbe, a Espada, as Manilhas e o Anel; depois, já investida com a descrita Regalia, fez o juramento do Soberano.

Foi a primeira coroação de um Soberano britânico transmitida em directo pela Televisão britânica, a já mítica BBC.

Ao longo do Seu Reinado de 63 anos, 7 meses e 3 dias empossou 12 Primeiros-Ministros, começando por Sir Winston Churchill, igualando a Rainha Victoria e faltando-lhe apenas um para o record na posse de George III.

A jovem princesa Isabel foi educada em casa sob a supervisão de sua mãe Elizabeth Bowes-Lyon, a então, Duquesa de York. A Sua ama era Marion Crawford. Estudou história e línguas modernas, falando fluentemente francês.

Apesar de seu nascimento gerar um grande interesse público, não era esperado que ela se tornasse a Rainha, pois era a terceira na linha de sucessão ao trono Britânico, e o Príncipe de Gales era jovem e presumivelmente, ascenderia ao trono e teria seus descendentes, fazendo assim sua linha de sucessão. Em 1936, quando seu avô paterno, o Rei George V, morreu e seu tio David Edward o sucedeu como Edward VIII, a Princesa Elizabeth tornou-se a segunda na linha de sucessão ao trono, atrás de seu pai. Após um ano no Trono, Edward VIII abdicou, ante a não-aceitação pela família real e do estableshiment britânico de um casamento seu com a socialite americana, duas vezes divorciada, Wallis Simpson, gerando uma crise constitucional. O pai de Isabel tornou-se Rei e ela tornou-se a herdeira presuntiva, sob o título de Sua Alteza Real A Princesa Isabel. Em 1943, aos 16 anos de idade, SAR a Princesa Isabel fez sua primeira aparição pública, desacompanhada, numa visita aos Grenadier Guards, de qual foi nomeada Coronel-em-Chefe. Em Fevereiro de 1945, ingressou no Serviço Territorial Auxiliar das Mulheres, como uma honorária Segunda Subalterna, com o número de serviço 230873. Foi treinada como motorista e mecânica, dirigindo um camião militar, e foi promovida a Comandante Júnior cinco meses depois, o que faz, portanto, de Sua Majestade, hoje, a última Chefe de Estado viva a ter servido na Segunda Guerra Mundial. A Guerra terminou e dois anos depois, a Princesa Isabel fez a sua primeira viagem ao exterior, acompanhando os Reis, Seus Pais, à África do Sul. No seu 21º aniversário, em Abril de 1947, em um pronunciamento à Comunidade Britânica da África do Sul, declarou: “Eu declaro diante de todos vocês, que minha vida inteira, seja ela longa ou curta, será dedicada ao seu serviço e ao serviço de nossa grande família imperial, a qual todos nós pertencemos”.

Isabel reencontrou, o Príncipe Philippos Von Battenberg Schleswig-Holstein Soenderburg-Glucksburg da Grécia e Dinamarca, filho do Príncipe André da Grécia (tio do actual Rei Constantino – não reinante) e da Princesa Alice de Battenberg e neto do Rei da Dinamarca. O casal de primos em segundo grau por parte do Rei Cristiano IX da Dinamarca e primos em terceiro grau por intermédio da Rainha Vitória do Reino Unido contraiu matrimónio, em 20 de Novembro de 1947, na Abadia de Westminster. Antes do casamento, Filipe renunciou aos seus títulos Reais Gregos e Dinamarqueses, convertendo-se da Igreja Ortodoxa Grega ao Anglicanismo e adoptou o nome anglicizado Philip e o apelido, também anglicizado, de sua mãe, transformando Battenberg em Mountbatten, e, foi-lhe concedido o tratamento de Sua Alteza Real e o título de Duque de Edimburgo.

Entretanto, em 1951, a saúde do Rei começa a esmorecer, e quando Isabel e Filipe se deslocavam numa visita real à Austrália e Nova Zelândia, com passagem pelo Quénia, a herdeira real é informada do falecimento do Rei George VI, Seu Pai. Imediatamente, proclamada Rainha com o Nome Real de “Isabel, é claro”, regressa com o Duque de Edimburgo para a cerimónia de Ascensão ao Trono no Palácio de St. James e depois mudam-se para o Palácio de Buckingham. Tiveram 4 filhos: Carlos, Príncipe de Gales e herdeiro do Trono, Ana, André e Eduardo.

A Dinastia Windsor é a Casa Real de Inglaterra, descendente da Casa de Saxe-Coburgo-Gotha, sendo presentemente a Dinastia reinante no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e dos países da Commonwealth. O seu actual soberano é a Rainha Isabel II. Com o fim da Casa reinante de Stuart, pois a Rainha Ana de Inglaterra não teve descendência, em 1714, o Eleitor Jorge de Hanôver, tornou-se Jorge I da Grã-Bretanha. A sua pretensão, que assegurava a sucessão protestante, baseou-se no facto de ser bisneto do Rei Jaime I de Inglaterra (VI da Escócia) através da sua mãe a Condessa Palatina, Sofia de Simmern. Embora, ainda houvesse membros mais chegados da Casa de Stuart, como James Francis Edward Stuart, como eram católicos, o Príncipe (um dos Nove Príncipe Eleitores Germânicos, donde era escolhido o Kaiser) de confissão protestante foi preferido pelo Parlamento britânico. Depois, com o casamento da Rainha Vitória a Casa de Hanôver deu lugar à de Saxe-Coburgo-Gotha.

A Família Real Britânica passou a ter a denominação actual de Windsor no ano de 1917, durante a I.ª Grande Guerra, altura em que um sentimento exacerbado anti-germânico no povo inglês fez com que o Rei Jorge V – brilhante estratega em relações públicas e em modernizar a Monarquia; pode-se mesmo dizer que foi Sua Majestade que a trouxe para o século XX – alterasse para versões em inglês todos os seus títulos e sobrenomes alemães. E nada melhor do que Windsor, pois o Castelo homónimo remonta aos tempo de Guilherme I, o Conquistador.

O nome alemão reporta ao casamento da Rainha Vitória com o Príncipe Albert, filho do Duque Ernesth de Saxe-Coburgo-Gotha, em Fevereiro de 1840. Todavia, Saxe-Coburgo-Gotha não era o sobrenome pessoal do Príncipe Consorte, mas o sobrenome dinástico da sua família – o seu apelido era von Vettin. Desta forma, através de uma Ordem ao Conselho (Order-in-Council) o Rei Jorge V transformou o von Vettin em Windsor. Porém, a Ordem ao Conselho, como era costume, aludia apenas “aos” descendentes da Rainha Vitória, e não inevitavelmente “às” descendentes.

Em Abril de 1952, dois meses volvidos da sua ascensão ao trono, a Rainha Isabel II terminou o descuido do lapsus lingue com o nome dinástico e decretou ao seu Conselho Particular a sua “vontade e satisfação de que eu e meus filhos sejamos chamados e conhecidos como membros da Casa e Família de Windsor, e que meus descendentes que se casem e seus respectivos descendentes carreguem o nome Windsor.”

Ulteriormente, a 8 de Fevereiro de 1960, a Soberana Elizabeth II proclamou outra Ordem ao Conselho corroborando que Ela e os seus quatro filhos seriam conhecidos como Dinastia, Casa e Família de Windsor e que Ela e outros descendentes da linhagem masculina (exceptuando aqueles que fruíam do título de Príncipe ou Princesa e eram conhecidos como “Sua Alteza Real”) seriam conhecidos pelo nome de Mountbatten-Windsor.

Elizabeth II é a monarca de todos os recordes: já cumpriu o Jubileu de Diamante; é a mais velha Monarca do Mundo e, a partir de hoje, Aquela com o Reinado mais longo da História Britânica.

Cerca de 125 milhões de pessoas vivem em países de que é Soberana, gozando de uma aceitação popular de 83%, mais do que os 80% do próprio Regime de Monarquia, e sem nunca sofrer uma desaprovação pública numa vida de serviço incólume dedicada unicamente à Missão e Ofício de Reinar, sem nunca as censurar pessoas com quem contactou ou fazer um comentário jocoso em público, e, ninguém, jamais, a ouviu satirizar outrem.

Com a Sua Descendência, o filho Príncipe Carlos, o neto Príncipe William e o bisneto Príncipe George está assegurado que a Casa de Windsor – que prolonga uma Linhagem que reina ininterruptamente há mais de 1.000 anos – reinará por mais de uma centena de anos, e que, a Família Real, se perpetuará pelo próximo milénio, aludindo ao desejo de Elizabeth II de que a Casa Reinante Britânica atravesse este e o novo século e os seguintes no Trono do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte assim como dos outros quinze Estados soberanos independentes conhecidos como os reinos da Commonwealth.

A relevância de um símbolo é patente e indelével e basta pronunciar a expressão “A Rainha” e ninguém terá dúvidas que se refere a Isabel II, que personifica a Coroa e a Monarquia Britânicas.

Vivat Regina! God Save The Queen! Long May She Live, Long May She Reign!

Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica


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Fotografias Reais

Os Reis Fotógrafos

Verão, época ideal para tirar boas fotografias! Quem, também, aproveitava as férias para captar belas imagens eram Suas Majestades Fidelíssimas o Rei Dom Carlos I de Portugal e a Rainha Dona Amélia. Com as suas câmaras portáteis de fole, modelo Mano da Voigtländer & Sohn, com obturador, chapas de fenda regulável exteriormente, com prancheta da objectiva descentrável nos dois sentidos e com mira de lente bicôncava de montagem articulada com retículo, os Reis captavam sobretudo instantâneos do quotidiano em família e paisagens, mas El-Rei D. Carlos I, como era prática à época entre os artistas plásticos, recorria à fotografia para registar panoramas que mais tarde pintaria nas suas famosas aguarelas, pastéis e alguns óleos.

O genial Rei, um verdadeiro Príncipe da Renascença, o polímata cujo saber e conhecimento não estava restrito a uma área da ciência ou da arte humanas, mas era possuidor de vários dons e talentos que sabia gerir com apurada sensibilidade, também lançava mão do instantâneo fotográfico nas suas pesquisas oceanográficas. De resto, as imagens captadas pelo Rei de Portugal das preparações microscópicas de planctôn numa das suas 12 campanhas oceanográficas, que empreendeu entre 1896 e 1907, foram as primeiras fotografias de género realizadas em Portugal e na Europa: era o mar como nunca antes fora visto e que confirmava os indícios da existência de vida a grandes profundidades!

Também nos estudos ornitológicos que realizou das aves para o seu Catálogo Ilustrado das Aves de Portugal – Sedentárias, de arribação e ocidentais, Fascículo I – e que haveriam de ser ilustradas pelo seu mestre Henrique Casanova -, tiveram importância os clichés que o Rei D. Carlos I tirou dos espécimes.

Aplaudi! Faça-se Justiça a tão Grande Rei, a tão Grande Homem!

– Viv’ó Rei Dom Carlos I de Portugal!

Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica